Sárula e o Criador

Por Antonio Fernandes

Era um mundo de papel.

Mas não é como se fosse um mundo plano, e reto, e qualquer, não. Era a infinita possibilidade de criação.

Num banco bem desenhado Ele estava. Não é como se pudesse estar, mas permanecer. Estava ali havia muito tempo. Mais do que você supõe e menos do que Ele percebia.
Não havia um motivo para ainda estar, mas estava. E não é como se pensasse, mas meditava. Um meditar longo, de medo. Medo de para onde ir e dúvidas de onde veio. Principalmente o que fazer.

Um dia se levantou e pegou O Lápis. Era um Criador e decidira o que criar. Uns esperavam que criasse raças, espécies, mundos e universos, como seus parentes. Outros, que criasse sentimentos perigosos e acalorados, que desenhasse fortalezas e grandes montanhas. Alguns, mais ousados, diriam para criar Deuses, Deuses tão ou mais Deuses do que ele, pois claro, alegavam esses com vozes baixas em ar de segredo: "A boa obra supera o artista."

Mas não queria ser grande, nem dono. Não almejava poder nem glória. Não era tão, nem mais. Por isso criou aquilo que fazia Todos os outros se apavorarem.

Caminhou com passos largos, fortes e decididos. Escolheu um bom pedaço de nada e desenhou ali quatro retas formando um retângulo em pé. Em algum ponto próximo do meio, mas um pouco a esquerda, desenhou um pequeno circulo e viu que era bom. Analisou o todo e decidiu que precisava de uma cor, mas qual?

O Branco como estava não seria a cor correta, pois era paz e austeridade, e isso Ele não procurava. Do Preto não vinham boas coisas, algumas belas, mas ainda assim tremendamente perigosas. O Vermelho era uma incógnita. Tanto dele podia brotar flores como sangue e do sangue ele muito temia.

Estava decidido, seria o Azul, a cor da aventura e da imensidão. Dessa cor ele pintou sua criação, girou o círculo e a atravessou.


{Devo a você uma explicação.
Entre esses seres Criadores, era certo que aquele que cria conhece, e quando se cria conhecendo, nada há de sair do controle. Mas, e repito, Mas, quando se cria algo que leva ao desconhecido, qualquer coisa pode e há de acontecer: desventura ou aventura. As Caixas de Pandora as vezes são tão caóticas que podem destruir não só uma, mas várias criações. Não só um, mas vários mundos e universos e civilizações. São tão caóticas que Arquitetos as temem, que dirá dos Deuses.}

E foi isso que ele criou:

Uma porta.

Uma porta azul, e viu que era bom. E entrou.





A luz ofuscou seus olhos e pisou numa areia quente e reconfortante. Sentiu um cheiro doce e quando pode enchergar, viu o Mar.
Era um Mar extenso, lindo, e dEle se apaixonou. Seus olhos brilharam e seu coração palpitou com sentimentos que nenhum ser de nenhum ponto recôndito do universo há de imaginar. Era uma paixão tão sublime, limpa e perfeita que chorou. Chorou lágrimas cristalinas que caíram leves e simples refletidas à sua frente.

Caminhou até as águas e bebeu um gole. Era doce. Doce de um tão doce que havia vida em tamanha doçura. Era a água mais pura, limpa e deliciosa que ninguém, nem ser, nem Criador, jamais provara.

Mas até ele reconheceu que nem tudo ali estava como devia ser. Talvez seja a natureza incontrolável dos Arquitetos por retocar tudo, talvez seja uma necessidade de dar um dedo Seu à cada criação Sua, fato é que ele sacou seu lápis e trabalhou.

Aquele oceano era parado. Não havia ondas nem aventuras. Ele queria descobrir se no fim o céu e o Mar eram os mesmos, mas precisava mais.

Sabia o que desenhar. Com tês séria e ar de artista, criou o Vento. Mas não qualquer tipo de Vento. Criou um Vento forte, um Vento fraco, a leve brisa e a tempestade. Criou correntes de ar e deu a elas vida e liberdade. Deu ao Vento filhos, filhos que musicavam sinfonias e cantavam coisas raras. Pássaros como nenhum outro mundo já viu.
Então conectou o Vento ao Mar, e para um Oceano que ele tanto se apaixonara, que amara, ainda mais, quis presentear.
Criou para esse Oceano um sentimento. Um sentimento tão belo e tão sublime que alguns chamariam de amor, mas era mais. Deu ao Oceano vida, paixão. Deu ao Oceano turbilhões de peixes, ninfas e sereias, e seres mágicos que ninguém jamais há de encontrar, e uma criatividade tão limpa e clara para criar novas coisas que faria menestréis comporem canções a Ele por toda uma eternidade. Ou duas. Fez do Oceano uma alma tão viva e pungente, que era tão ou mais belo que Deuses. Ninguém o governaria. Ninguém o dominaria. Era livre e sabia disso.

Sua camisa branca estava ensopada de suor, mas não terminou.

Desenhou um barco. Um barco veleiro lindo, de um marrom castanho, castanho caramelo. De velas tão brancas tão limpas e belas que nunca se viu mais branco e mais limpo e mais belo. De mastros altos e timão macio. Conveses extensos com salas ricas e adornadas. A ele, deu o nome de Aventura, e viu que era bom.

Começou a desenhar seus marujos. Deu-lhes sorrisos, piadas, bastante ron, canções e ainda a capacidade de criar canções (não seriam verdadeiros marujos se não fizessem canções).

Criava-os quando viu que da água algo surgia.

Era uma pequena ninfa, ou uma criança. Vinha nua e branca, mas não havia vergonha em sua nudez. Ela tinha cabelos negros e rebeldes, que herdou do Pai, sardas douradas e olhos de um azul safira, herdados da Mãe.
Esboçava um sorriso radiante de quem se descobre vivendo. Vinha molhada daquelas águas doces e nadava em grandes ondas como se fossem suas irmãs, e assim eram.

Chegou a praia sorrindo da vida, da felicidade e das brincadeiras, e caminhou até o Arquiteto, não como se fosse até ele, mas como se apenas fosse parte da beleza do lugar.

-Qual seu nome?
-Sárula. - Ela respondeu.

-Sárula, um belo nome. Gostaria de uma flor, pequena Sál?
-Não há muitas flores por aqui.

O Arquiteto deu uma risada limpa, tanto quanto sua situação cansada lhe proporcionou, e desenhou para a garota uma flor negra, tão linda quanto a cor negra pode ser ao reflexo do Sol. Tão perigosa quanto pode ser uma flor negra.

-O que você está criando? - Perguntou ela, maravilhada com o presente.
-Um barco tão veloz quanto o Vento, para navegar até o fim de tudo e descobrir se o Mar e o céu são a mesma coisa, e se posso eu navegar por lá.

Ela riu.
-Nenhum barco pode ser mais rápido que meu Pai.
-É o que veremos. - Retribuiu o sorriso.

-Fique aqui uma noite, você precisa descansar, veja como está exausto!
-Quanto tempo dura aqui, uma noite?
-Não sei, não existo a muito tempo ainda, e imagino que todas essas coisas também não. - Risadas alegres.

-Quem há de saber a quanto tempo essas coisas existem? Talvez tenham nascido da porta, ou talvez estivessem aqui por sempre esperando para serem descobertas. Até os Deuses tem lá os seus mistérios. Pois bem, ficarei. Mas só por uma noite.

E ficou. Terminou de desenhar seus marujos ( Yo ho ho! E uma garrafa de ron!) Desenhou um estaleiro e um bom e forte imediato para cuidar deles. E viu que era bom. Então desenhou uma casa simples, mas bela, com uma horta de frutas simples, mas belas, e doces, mas não tão doces quanto aquele Mar.

E se divertiu com a garotinha. Logo viu que Sárula era inteligente. Corria mais rápido que todas as garotas e tinha o sorriso mais alegre. Demorou, mas a noite caiu. Deitados os dois na areia macia vislumbraram um céu com três luas e dez vezes dez bilhões de estrelas. Fazia frio, mas não muito. Apenas o suficiente para que ela se aninhasse nos braços do Criador, e ele à acolhesse.

Adormeceram. Por mais tempo do que você supõe e menos do que perceberam. Foi uma bela noite. Uma primeira noite. Uma perfeita noite.
Era bom que assim fosse.

Acordaram com a sinfonia de pássaros belos e um nascer do Sol tão majestoso que faria mudos cantarem, cegos verem e não só verem, mas vislumbrarem. Era um Sol laranja e grande, e vinha lentamente atravessando o céu com tamanha imponência que nenhum Deus chegava aos pés.

-Venha comigo!
-Não posso, meu lugar é aqui... - Sárula chorou.

- Venha! Vou navegar até o horizonte, para depois navegar pelo céu. Navegarei pelo céu até o Sol. Vou perguntar-lhe de onde vim e o que são os mundos, o que são os criadores e para que servem. perguntarei o porque das cores. São tantas perguntas! - ele se excedia só de imaginar tantas respostas, mas também gostara de sua companheira, filha do Vento e do Mar, e não queria deixa-la.

-Não posso.

E ficou. Ele se despediu e ela viu o Aventura sumir no horizonte. Chorou e ansiou por ele. Enterrou a flor negra para não mais se lembrar.
Mas se lembrou.

Ele desbravou os sete mares. Lutou contra monstros e venceu tempestades. Seus marujos se provaram de altíssimo valor, e ganharam valorosos nomes, e poemas e romances, e amores de donzelas de corpos bronzeados e deliciosos, de terras distantes.
E desbravou o céu e as três luas. Vislumbrou estrelas, pegou lufadas de vento de caronas de cometas e estrelas cadentes. Lutou e venceu três dragões. E na última das três luas, toda a tripulação enjoou de queijo.

Tudo a caminho do Sol.

Enquanto isso Sárula crescia e cantava. Cantava de maneira tão bela que todos os pássaros silenciavam para ouvi-la cantar. Cantava de jeito tão livre que todos os peixes vinham a praia para ouvi-la cantar. Seres surgiram de suas músicas e dançaram com ela nos longos luares.
E crescia. Crescia e sonhava com aquele moço, que a tanto tempo conheceu, por tão pouco tempo e logo se atirou com Aventura no Mar. Por um tempo sua Mãe lhe deu notícias, e contou-lhe que apesar dos marujos festejarem com mulheres em terras distantes, ele sempre lhes sorria mas não às tocava. Elas não eram como Ele, dizia. Nem mesmo ela, sua Mãe, sabia o que era Ele. Pelos boatos que circulavam os mares, nem Ele sabia o que era Ele, por isso a viagem ao Sol.

Mas então chegou ao horizonte, e atravessou o Aventura aos céus, e volta e meia chegava uma notícia de seu pai, o Vento, mas eram raras. Ele sumira e ninguém mais sabia em que se metera.

E por todo esse tempo Sárula cresceu, e se perguntou sobre aquele homem. Sonhou com ele muitas noites, e o amava de um jeito só, quase platônico, talvez mais que isso.

A flor que ela enterrou cresceu. Se tornou uma árvore de folhas negras e frutos prateados que pareciam pêssegos. Deliciosos. A garota comia os frutos. E quanto mais os comia, mais se apaixonava.




Um dia ela estava cantando pela praia quando viu, ao longe uma vela. Surgiu como um ponto no horizonte, mas logo já podia-se perceber os contornos. Se recusou a acreditar. Mas não pôde. Não podia. Era ele? Não. Uma miragem. Tropeçou numa nota e logo todos os seres olharam para o horizonte. "É ele?" perguntou um peixe. "É o navegador!" gritou uma gaivota. "Bobagem, não estou vendo nada." Respondeu um macaco.

Mas era mesmo ele. Vinha debruçado na ponta do navio, uma mão agarrada as vergas e cordas, a outra sobre os olhos em riste. Seu barco saltava as ondas e sua camisa se desfraldava pelo vento, ele não parecia nem notar.
Estava mais forte, e mais bronzeado. Seu cabelo outrora castanho era de um ruivo forte. Vinha voltar a porta para deixar aquele mundo e retornar para seu lar.

Mas logo se esqueceu disso. A beira da praia a garotinha que conhecera tanto tempo antes o esperava. Seu vestido branco e seus cabelos desfraldados ao vento.

Era linda. Pensou ele. Mais linda que dez vezes dez bilhões de mulheres que conhecera em uma centena de terras. Mais linda do que havia conhecido em dezenas de universos. Mais linda que o infinito. E nela se perdeu.

Os cascos do barco se enterraram na areia, e um par de botas pretas saltaram. Passos lentos encaminharam Ele, a ela.

Os olhos cor de mel de Um, as safiras da outra.
"Ela é vislumbrante". pensou.
"Ele é mais belo que nos sonhos". Pensou.

E não como se fosse filme ou história, se beijaram como realidade. Não ouviram os gritos e festas de todos os animais. ("ainda não estou vendo nada! " - gritou o macaco.) Nem perceberam que o Vento ficou mais forte nem o Mar mais revolto.

Beijaram-se.

E foi só.



Naquela noite deitaram-se na areia e olharam as estrelas. Ela cantou pra ele, fazendo-o rir e chorar. Ele contou aventuras, lutas com gigantes, seres nefastos, e ainda como venceu três dragões. Um em cada lua. Contou como eram belas as andrômedas e como eram deliciosas as via-lácteas. Ela fez uma coroa de ramos e colocou no pescoço dele. Deu-lhe um beijo na testa e fez-lhe cócegas. Ele mordeu-lhe o lábio, puxou-a para junto de si e fizeram amor.


Viviam na pequena cabana. Passaram a fazer amor todas as noites, mas nunca de formas iguais. Ela lhe dava frutas na boca e ele corria atrás dela e atirava-a na água, gargalhando.  Numa noite ela o pegou sentado no alto de um monte, olhando para o Sol com rosto de pensativo.

-Você conheceu Ele afinal?
Balanço afirmativo com a cabeça.
-E o que Ele lhe disse?
-Muitas respostas, mas vinte vezes mais perguntas.
-Que tipo de respostas? - mordeu-lhe o ombro.
- A verdade sobre as cores. Como e porquê o negro é belo e cruel. O quão infinito é o azul e a beleza dolorosa das flores vermelhas. O luxo e a maravilha do amarelo. A força e destreza do marrom e a paz e serenidade do branco. Pai de todas as cores. - encarou-a nos olhos.
-E que tipo de perguntas?
-Complicado.
-Tente.
-Complicado.
-Tente!
 -Compli... - Ela se atirou em cima dele.

Rolaram pela relva. Lutando e gargalhando, com cócegas, tapas e mordidas, terminaram novamente estirados na areia da praia.

-Era bonito lá?
-Muito.
-Mais bonito do que eu?
-Talvez.

Ela o atacou. Riram, gargalharam e fizeram amor. Como devia ser.




A paixão dos dois correu os sete mares. Atravessou universos e foi cantada em várias línguas. Sárula. Diziam. A criação que conquistou um Criador.




Um dia Ele perguntou-a o que havia acontecido com a flor negra. Ela pegou-o pelas mãos e mandou que fechasse os olhos. Alegre levou-o até a árvore e mandou que os abrisse. Entregou para ele um fruto prateado e comeram juntos. Era de um gosto maravilhoso. Mais saboroso do que jamais se viu igual.

Naquela noite ela pegou-o sentado no pier, olhando o Mar. Sentou-se ao longe e ficou olhando-o. Amava-o. Sentia vontade de correr e se arremessar, caindo os dois na água, mas ele estava tão belo, ali sentado, que continuou a aprecia-lo.

Volta e meia eles comiam os frutos da árvore de flores negras. Volta e meia lá estava ele, sentado no pier e olhando o mar. Ela o olhava de longe. As vezes ia lá e sentava com Ele, mas percebia que nessas noites ele falava pouco e ficava pensativo.

Cada vez comia os frutos mais e mais. Depois de um tempo passou a ir come-los sozinho. Não ia mais junto dela e todas as noites estava lá, sentado ao pier. Não é como se muito tivesse mudado. Ainda faziam amor e cócegas e se divertiam. Mas ele estava sempre lá, olhando o Mar.

 Num dia entrou de novo em seu barco, algo que nunca havia feito antes. Passou a mão nas vergas e nas cordas. Segurou forte o timão. Acariciou as velas.

Certo dia chorou.

Mas Sárula não viu. Tudo que ela via era seu amor e sua felicidade. Amava-o e tinha certeza que Ele lhe amava também. E não percebeu quando um dia Ele veio à porta e lhe olhou nos olhos:

-Estou indo embora.

Ela não sabia o que pensar.

-Como, para onde?

-Vou voltar para o Mar.
-Você não é feliz aqui?
-Não.. é... Complicado.

Beijou-lhe a testa, e saiu. Chamou seus marujos, que ficaram confusos, mandou erguerem as vergas e içarem as roliças.

E logo Sárula, de queixo caído e também confusa, via aquele Ser em todo o seu poder navegar. Navegar para nenhum lugar senão para longe dela. Viu o barco sumir no horizonte. Pela sua mente passaram todos os momentos e todos os toques e todas as carícias que haviam trocado juntos. De algum modo ela sabia que não o veria jamais.

E compreendeu.

Caminhava em direção ao mar e compreendia. Compreendia que quando comera os frutos negros se apaixonava por Ele. Caminhava e compreendia que as frutas faziam crescer em nós aquilo que mais amávamos. Pisava nas águas e compreendia que aquilo que Ele mais amava eram as aventuras. Chorava ao compreender que Ele nunca à amou.

Nadou. Nadou em busca de sua paixão. Nadava e chorava. Chorava lágrimas de Sárula. Chorava lágrimas de sal. E do gosto do tamanho de sua tristeza suas lágrimas desabavam.
Nadava, chorava, nadava, chorava,
Nadava e chorava,
                             Nadava e chorava.

E por tanto tempo nadou e chorou, que o próprio Oceano passou a ter o gosto de sua dor e tristeza. O próprio Oceano passou a ter o gosto de seu desespero. O doce deu lugar ao salgado. Sárula tentava em vão alcançar o navio mais veloz que o vento, desenhado por um Deus, que ela amava.

E se afogou.

Acabaram suas forças e afundou. Os olhos ainda vertendo lágrimas, a mão estendida buscava a imersidão. Olhou o sol tremeluzir, sentiu seu coração chamar por Ele e gritou seu nome.
E não gritou mais.


O Mar e o Vento entraram em ira, e se voltaram com toda a sua fúria para aquele Deus. Lançaram-lhe as piores tempestades e os piores desastres. Mandaram contra ele seus piores monstros e demônios. Seu barco foi destroçado, seus marujos foram comidos e ele se afogou.

Não satisfeitos, esse Mar e esse Vento atacaram outros universos, outras galáxias, ainda arrancaram duas luas do céu e tragaram boa parte do Sol.

Sárula se afogou e seu amor também. Alguém trancou aquela porta azul para ninguém nunca mais entrar. Hoje eles estão lá, fazendo uma dança eterna na imensidão gigante do Oceano azul, agora salgado. Olham para o vazio olhando para um passado que não mais vai voltar. Dizem que suas almas foram para um mundo que nem mesmos Criadores e Deuses sabem onde fica. Dizem que ela lhe perdoou. Dizem que passam os dias a correr pela areia e fazer tranças de flores. A sorrir e cantar músicas tão lindas que as gaivotas choram. Ele olha para o mar e sonha.

Muito dizem. Muitos dizem. espero que continuem dizendo.



E morreram felizes para sempre.







Comentários

  1. Amei, Antonio! Haja criatividade nessa sua cabeça, viu? Hahaha! Muito linda a história, a primeira vez que vejo uma história sobre a criação que me emociono... Mais uma vez, riqueza em detalhes e sua imaginação capaz de criar. Tão capaz, que criou até um criador...
    Meus parabéns! Suas histórias sempre têm um tom surpreendente... e cara, fiquei imaginando o mar doce... Seria bom se Sárula não tivesse lágrimas! Os caldos que tomo no mar seriam menos dolorosos hahaha!
    Um beijo enorme!

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  2. Antonio, amei o texto, um primor criar uma história do nada e fazer com que ela tenha sentido e sentimento, achei a narrativa leve com dramas pontuais como amar mas não conseguir ficar, e Sárula não aguentar suportar ser trocada pela "aventura", sendo que plantou e cultivou o amor durante anos, mas o amor era um fruto negro , tão perigoso quanto poderia ser né!!!!.
    Parabéns!!!

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