Versos Puídos de Duplo Sentido

Por Antonio Fernandes

Cabelo 
teixo 
aleixo
Flor do Brejo
Rogério era um Guarda de quitanda
Votou no malparido
mas diz que se arrepende
Perdeu a goiaba no ponto de ônibus
lalada por alguém que lhe surrupiou
a goiaba
Nem tudo na vida
Foi feito pra fazer sentido
(Sentido! Guarda armas, VOLVER)
não somos todos soldados
dos seus desejos torpes
e dessa sua ideologia
suja velha
puída de merda e de estrume
De bosta vizeira e gume
afiado da navalha
que pare a artéria
que jorra desobediência civil
e pistões desgastados de freios
para a maré rebimboca
desse país puído
Guardem Guardem, Guardas!
prendam-lhe pelas ancas
e deixem pendurado posto 
de cabeça pra baixo
até que morra de sangue nas
ventoínhas
nem toda arte é para ser
compreensível
nem todo conjunto de palavras
se presta à alguma coisa
nem todo mundo quer o seu bem
especialmente o malparido
que se arrepende
Filhos de Bozo Palhaço
Filhotes de Molusco
Família nada a Temer
vos digo
vocês só tem haver
quando se fazem haver
e enquanto o não fizerem
não farão
Nós não somos nossos pais
mas podemos vir a ser
e quando o viremos à ser
o mundo
grandioso ditoso mundo
Não se a anuviará
nem avançará
em profusão letargica
destes versos que só fazem sentido
aos loucos
drogados
e os perdidos das sargetas
se não compreendeu
uma palavra do que eu disse
não tema
você é um deles
temo-lhe eu
meu camarada
temo-lhe eu




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