A Tortura

Por Antonio Fernandes

Ele entrou no quarto com um rosto impassível. Era alto, rosto forte e bonito, apesar dos cabelos raspados quase rentes ao crânio, militares. Seus olhos verdes cintilantes faiscavam impaciência. Estava sem camisa, e exibia um físico definido que cortava suas costas, abdômen e peitorais. Usava um cinto preto, que segurava uma calça jeans azul acinzentada.
Suas botas pisaram o chão de madeira fazendo barulho. Em suas mãos, sua arma: Um chicote.
Seus olhos focalizaram a criatura que o enfrentava. Uma mulher, que mais parecia um animal selvagem. Seus cabelos ruivos caiam longos tampando parte do seu rosto, que esboçava uma expressão sinistra de ódio. Não fosse por toda aquela repulsa, parecia ser simplesmente divina. Aliás, a repulsão deixava-lhe ainda mais divina. Suas sardas espalhavam-se pelo rosto dando-lhe um toque sensual e o único olho a vista, dum azul acinzentado, encarava o homem, como que querendo mata-lo.
Estava presa. Seus braços algemados, e algemas ligadas a uma corda grossa, que prendia-se a um gancho no teto. A pressão fazia com que ficasse pouco acima do chão e seus pés pendendo soltos, apoiavam-se apenas pelas pontas, deixavam-na sem ações.
Seria uma prisioneira comum, não fosse o fato de que estava absolutamente nua.

O homem caminhou, fitando o nada como se estivesse pensando. O único olhar dela encarava-o com coragem. Caminhou rondando-a num circulo, até que não pudesse ser visto. Pendurou o chicote na cinta, colocou as mãos fortes em sua cintura. Um misto de excitação e medo correu-a por todo o corpo. Por instinto, fez de tudo pra não mostrar isso a ele. Tarde demais. Se aproximou de seu ouvido, e sussurrou baixo e excitante: "Vamos nos divertir essa noite, ah vamos sim." Deixou as mãos deslizarem por sua cintura até caírem, provocando o calafrio de medo e excitação. Ela não conseguia entender. Repudiava-o mais que tudo, mas aquele toque... era como se quisesse mais.

O homem sacou novamente o chicote. Deu a distância de alguns metros. Empunhou-a, e com um movimento rápido, acertou-lhe as nádegas.
No momento em que o couro crú rasgou a pele macia, uma sensação profunda de dor impregnada de tesão atacou-a. Todo o corpo quis se contrair, mas não. Ela não iria demonstrar fraquezas, não pro desgraçado que... Outra chicotada, desta vez um pouco mais baixo. Uma nova onda, agora com mais tesão que dor, varreu seu corpo. Queria domina-la, subjuga-la, torna-la fraca, mas ela ignorou tudo isso, e meramente piscou. E outra chicotada. Uma nova linha de carne se abriu nas curvas perfeitas da ninfa. E a dor e o tesão comeram-na, dominavam-na. Queriam vence-la. Queria gritar e gemer, pedindo que ele parasse, pedindo que continuasse. Mas seu orgulho... seu orgulho era tudo que... Outra chicotada. Havia contraído os músculos da perna. Seu agressor sorriu de jubilo. Afinal, ela não era tão diferente das outras assim.
Outra chicotada. Ela tentou de tudo, mas suas coxas encolheram-se de novo, estremeceram... ela não podia, não podia deixar transparecer... Outra chicotada. E uma nova linha vermelha projetava-se, agora quase na região das coxas, o tesão trespassou sua alma, arrancou suas defesas, e sem que percebesse, soltou um gemido.

E as chicotadas foram vindo, uma a uma, e a cada vez que o couro crú rasgava as nádegas da ninfa ruiva ela gemia. Aos poucos, toda sua musculatura dobrava-se. O tesão girava dentro de si, consumindo-a, tornando-a fraca, e volta e meia se pegava imaginando que aquele brutamontes a desamarrasse e a comesse. Mas afastava a ideia, absurdas... E outra chicotada, e a imagem de ser comida voltava, mais lúcida, mais clara, até que a afastasse com o pouco que sobrava de sua dignidade. Os gemidos cresciam, seus olhos, cerrados, viam imagens projetando-se. Submetia-se ao homem, dava pra ele seu corpo, pedindo que a comesse. Suava. Estava toda molhada. Gotas escorriam pela suas coxas, de suor, de tesão, e misturavam-se por fim ao sangue das chicotadas. O homem reparou, mas ignorou-as. Estava chegando onde queria, estava amaciando-a. E a ninfa gostava disso, percebeu.
As chicotadas continuavam vindo. Ela já não tentava mais abandonar os pensamentos. Cenas de sexo cavalgavam sua mente. A cada chicotada o tesão varria sua alma, e as cenas ficavam cada vez mais obscenas, cada vez mais pornográficas. A escuridão tomava conta dela, e aos poucos foi caindo na inconsciência. Era como se sonhasse. Podia ver, podia sentir suas mãos se esfregando nos músculos do homem, podia encostar sua cabeça ao peito dele, deslizar as mãos até debaixo daquelas calças, arranca-lo, arrancar as calças e...
Alguma coisa aconteceu. Ela estava se movendo, estava... Caiu. O homem tirou-a do gancho no teto e deixou-a desabar. Não tinha forças pra levantar. Suas pernas, não fossem pelas feridas, absolutamente tomadas por um tesão incompreensível. Molhadas de tesão e suor e sangue da boceta aos pés. Devia ter gozado pelo menos meia dúzia de vezes, e mesmo assim o orgasmo continuava a assola-la, come-la à alma.

Ele a arrastou até a cama, e deitou-a. Ela sabia o que iria acontecer. Alguma voz dentro dela quis protestar, alguma voz, lá no fundo, queria tentar dizer não, mas a verdade é que como um todo, como um único ser, ela queria se entregar, queria ser comida, que acabasse com aquilo de uma vez. Ouviu quando ele desafivelou o cinto, ouviu as calças caírem no chão. Ouviu os passos fortes se aproximarem, mas ela queria... queria ser abusada...

Então ele fez. Comeu-a.
E ela gritava. Gritava coisas horríveis, mandava que ele parasse, mas em sua mente, ela o incentivava. Caía na inconsciência e voltava, vezes seguidas, sentindo orgasmos e mais orgasmos explodindo dentro de si. Sentindo suor e tesão escorrerem-lhe as pernas, enquanto o membro enorme penatrava-lhe, tirando dela todas as vontades e forças. Já não sabia se gritava ou se incentivava. Só sabia que sensações translúcidas devastavam-na, apossavam dela, usavam-na, mandavam-na. E era refém do tesão, estava presa. E amava estar presa. Queria mais, queria mais... mais...

Mas antes que ele acabasse, ela sentiu-o parando. Ele parou, porque parou?

Estava sendo carregada novamente. Foi deitada. Todo o corpo de costas, algemada por trás, seu corpo se comprimindo contra seus próprios peitos, apenas sua cabeça pendia pra fora da cama.

Então ela sentiu uma dor louca. Ele a agarrara pelos cabelos, levantou sua cabeça e encarava seus olhos, mas ela não conseguia abri-los. Percebeu que ele estava agachado, viu que conduzia sua cabeça para alguma coisa enquanto se levantava, mas não percebeu onde, até que...

Ele humilhou-a, fez com que o chupasse. Para a própria surpresa da garota, adorava. Chupava-o, sentia ele obrigando-a, agarrando seus cabelos, fazendo tudo com brutalidade, e a dor era incontrolável , e ao mesmo tempo, o tesão, e ela amava aquilo...

E por fim gozou. Humilhou-a. Tirou cada gota de orgulho que ela havia posto no próprio rosto, sujou-a com as próprias impurezas.
Humilhada, excitada e cansada, ela ergueu os olhos, vendo-o sair. Passos duros e fortes, e sem olhar para trás, desapareceu pela porta. Ela não significava nada.

Não conseguia pensar em outra coisa. As dores das feridas eram fortes, mas ainda mescladas ao tesão. Sentia-se suja, usada e abusada, Fora espancada, estuprada, violentada, e olhou pra porta com ódio, um ódio pior que qualquer ódio no mundo.

Tudo que queria, era que ele voltasse.



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