Como Funciona a Política?

Por Antonio Fernandes

As eleições são direcionadas por setores de investimento e interesses. Quem financia eleições em cidades são majoritariamente empreiteiras, quem financia eleições no campo são majoritariamente ruralistas, quem financia eleições em Brasília são majoritariamente os bancos. Nada proíbe que outros interesses grandes de cada um desses lugares tome a frente nos investimentos. Por exemplo, os transportes públicos financiarem campanhas nas cidades grandes, ou o "dono do supermercado", vulgo um grande empreendedor duma cidade de campo, ou uma FIFA ou uma gigante internacional do setor energético, ou uma fundação Marinho, ou um conglomerado muito grande de qualquer setor intermediário financiar as cadeiras de Brasília.

 A questão é que hoje nossa "democracia" é na verdade uma plutocracia. É uma trama de forças grandes mas não majoritárias brigando por espaços. Nisso o "tabuleiro do xadrez" se apresenta. Há o executivo, seus cargos indicados (o presidente da república hoje no Brasil, logo que assume o poder indica cerca de 40 mil cargos) E por baixo no executivo, governadores, prefeitos e suas cadeias de cargos indicados. Tratando do executivo, uma forma interessante a se considerar, é que os Ministros de um presidente representam a "forma" como os interesses e investidores tem para falar com ele. Quanto mais firme e forte alguém está no poder, menos ministros irá precisar. São criados mais ministérios quando "uma bancada do Congresso, por exemplo a respeito dos evangélicos, ganhou força suficiente e exige um ministro inteiro indicado por eles." O setor bancário sempre tem seus ministros, os ruralistas, etcs. Além disso eles buscam tomar as cadeiras dos ministérios que dizem respeito ao seu interesse. Contudo nem sempre o Presidente cederá.

 A presidência não governa sozinha. Pra que a Dilma governe, passe medidas provisórias e consiga verbas (quem é responsável pela conta do Leão, a bufunfa, em fiscalizar todos os impostos arrecadados pela união, é o Legislativo) tenha sustentação pra governar em fim, ela precisa do apoio do Congresso. Pra ter o apoio do Congresso ela precisa de uma cadeia de ministros que represente os interesses deles.

 Apesar do PT hoje ser dono da presidência since 2002, a composição atual do Senado, de 81 cadeiras, são 20 PMDB, 12 PT, 6 PTB, 5 PDT, 5 PP, 5 PR, 2 PC do B, 2 PSD, 1 PRB, 1 PSC, 1 PV, representando o Governo. Pela oposição há 12 PSDB, 4 do PSB, 4 do DEM e 1 do PSOL.

 Contudo na Câmara dos Deputados o PT tem maioria pequena, de 513 deputados, são 88 petistas, 79 pmdbistas, 54 tucanos e 43 terroristas do DEM. Só que essa casa é caótica, as nuances de poder são mais complicadas, eles votam em "manadas" dependendo de interesses das lideranças políticas, ou se organizam em bancadas e não partidos, tendo gente de todo partido tanto podendo pertencer a "bancada gay" como a "bancada evangélica".

 Nesse caos da Câmara, cansar a imagem do PT é onde primeiro faz com que percam força. Não passando seus projetos de lei, não tendo petistas nas comissões (de ética, de Constituição de Justiça, de Direitos Humanos, de Meio ambiente) tendo menos espaço pra manobrar e se expressar.

 Um quadro de menos petistas na Câmara e no Senado obriga ao PT do executivo que ceda mais, abra mais espaço, crie mais alianças com partidos de interesses completamente diferentes, de forma que fica cada vez mais difícil governar e se governe cada vez menos.

 Falando em Embargos Infringentes, é por isso que o Ministro Celso de Melo teria tido interesse em transformar o mensalão em Pizza. Os brasileiros olham sempre pra presidência da república pra culpabilizar. Apesar da decisão dele tirar um pouco da força do legislativo, com o processo do mensalão se estendendo até o ano das eleições, um ano de copa do mundo e de possíveis novas grandes manifestações, então ele tira a força do PT no legislativo, arranca prefeituras e governadorias da sigla da estrelinha vermelha.

 Lembrando que o PMDB é um partido essencialmente lobista, ou seja, atua de forma a "ocupar cargos e se manter no poder", sem interesse em defender isso ou aquilo. Logo, com o PT derrubado, basta que o PMDB quebre a aliança e vá para o lado do PSDB para que a corrente de forças no Brasil vire do avesso.

 E a facada final: Lembra do começo da conversa? Os interesses são econômicos, não políticos. Talvez você varie certos poderes econômicos menores se mudar a força das chaves do poder no Brasil, mas essencialmente quem financia campanhas do PT hoje simplesmente irá passar a financiar campanhas do PSDB. O interesse será o mesmo e os resultados, os mesmos.

 Merci Beaucoup.




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