Nasce o Sol, termina o Dia

Por Antonio Fernandes

Raios de sol raiam
Luz de meditação longa
Trocada a dois
Repenso a energia contida
Em mim e no espaço
Tenho causado impressão
Sofrido impressão
Tenho sido atlas
E cansei de carregar
o mundo nas costas
Me fiz prometeus
Devolvi o fogo ao homem
Causando ira no olimpo
Homem que comigo nao se importa
Olimpo que devora meu fígado
Todos os dias
E tenho posto as energias a prova
Como tenho apostado a vida
Reconhecer erros é insuficiente
pior, por sentir que fui induzido
fui abusado massacrado e morto
E matei
Por isso me atormentam
As almas negras postas
Do além-mar
Cadávericas me assolam
Rodopiam e dançam e me fazem
Fogo indígena
A impressão da morte que causei
É o que arrasta o tempero sistemático
Da obsessão que nao supero
Para alem do físico
Nao estou perdoado
Há perdão ao homicídio?
O erro passado assola
os homens nao se importam
Com quem lhes deu o fogo
só incendeiam tudo loucos e transformam do palco um circo de chamas
Os deuses sabiam disso
e dei eu o fogo ao homem
de propósito
Nao sei se para irritar os deuses
Ou para provar que eu podia
destilei longas palavras
E em tantos discursos de perdão
Contra os obcessores
Deveria eu
pedir perdão ao universo
Pela falta que lhe tive?
E o universo
será capaz de perdoar
quem de fato se arrependa
E queira redenção dos crimes passados?
É quanto imperdoável a vida?
Preciso voltar a ter paz
e deixar essa fase do eu lobo
Mau
De lado
E voltar ao meu eu bom
vejo os raios do sol
vejo o dia clarear no mar
E existem amanhãs
Sobrevivemos sobreviventes
Pacientes lenientes
Alucinados rasgados
Mas sobrevivemos até aqui
cada dia é a Vitória de um dia
tomar decisões difíceis
Que lhe marcarão a vida
Em poucos dias
decisões que marcarão as vidas de outros
decisões que farão diferença.

Vejo o sol nascer e sou posto na cama
Todos os dias tormento
todos os dias a guerra
Cansado me vou
sem saber quiçá ou que sim
se faço o certo
ou se faço o egoísta


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