A caverna

Por Antonio Fernandes

Imagine uma montanha, uma montanha imensa, composta por rochas, e na base dessa montanha, existe uma caverna. Uma caverna grande e profunda, porém retilínea, e lá no fundo, bem no fundo, estão acorrentados 10 homens.
Os 10 homens foram presos, não se sabe por quem, não se sabe como. Todos eles fazem apenas olhar para a parede do fundo da caverna.
Todos foram levados para a caverna ainda crianças, acorrentados e criados ali, e tudo que viram em toda sua vida, foi nada mais nada menos, que o fundo da caverna.
E para eles, esse mundo era maravilhoso. Ali se refletiam sombras inimagináveis, e todos os dias cada um deles ficava sonhando de onde vinham aquelas sobras, das mais variadas formas, tamanhos e sabores. Eram sombras magníficas, que , do amanhecer ao por do sol, corriam de lado ao outro da caverna, e lá ficavam os 10 homens, acorrentados, observando obcecados, cada minimo detalhe das sombras.
Era uma vida simples, pacata, e bela. Uma vida cheia de mistérios, que por algum motivo, nenhum deles remontava em desvendar. Apenas viviam ali, apreciando suas sombras dia após dia, semana após semana, ano após ano, e a eternidade ia se mesclando com o tempo.
Até que um dia, cansado de tudo aquilo, um dos homens tentou forçar seus grilhões, e descobriu-os enferrujados. Socou-os contra uma rocha, e para sua surpresa, eles arrebentaram. Atônito, ele observou seus companheiros, que obcecados, olhavam desfoques para as sombras como sempre.
O homem, com medo, pela primeira vez na vida sentiu a sensação de liberdade.
Lentamente, apoiou-se em suas próprias pernas, e usando pela primeira vez sua musculatura, levantou-se...
E pela primeira vez, olhou para trás, e lá viu uma luz muito mais forte, brilhante e poderosa que a que ele sempre vira no fundo da caverna.
Lentamente ele se aproximou, apreensivo, daquela luz majestosa, mirou-a com duvida, com empolgação, com sensação de liberdade, caminhou cada passo, cada pedra até os majestosos portais de sua caverna.


E finalmente, chegou no mundo la fora. O cheiro de orvalho na grama encheu seus pulmões, o cântico dos pássaros, somado ao verde vivo de arvores colossais, que muito acima dele se erguiam, fizeram o homem, estatelado, cair de joelhos, e boquiaberto, observar o ambiente.
E no céu, majestoso e perfeito, erguia-se um Sol, a fonte de toda aquela luz, poderoso e soberbo, iluminava a tudo e a todos, dando felicidade e liberdade a aquele dia.
O doce som da liberdade.
E você? Já saiu da sua caverna?



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