Vagar filosófico de Relacionamentos

Por Antonio Fernandes

Você espera que ele mude.

Espera, espera que ele mude para melhor. Que seja um homem bom e diferente daquele que você conheceu. - Apesar de ter conhecido um homem perfeito, mais perfeito que agora - e espera que ele mude e seja bom.

Por algum motivo ele não mudará aquilo que você espera que mude para melhor. Nesse sentido ele sempre será imutável. Uma pedra.  Ele nunca fará nada nem dará sequer um passo de volta na direção de onde tudo começou. Seu relacionamento é fadado a um decréscimo, e essa realidade te faz ter vontade de arrancar os próprios rins e come-los de volta. Três vezes.

Por outro lado, ele vai mudar. Mudará, claro. Ele mudará tudo aquilo que você não quer que mude. Vai deixar de fazer as coisas que achava boas. Aos poucos não te dará atenção e você se tornará parte da paisagem e não mais o animal exótico. Você é eucalipto. Era diferente, agora, normal. E destrutivo.

Perceba como tudo que falei são apenas a visão dos seus olhos. Ele não está melhor nos defeitos nem pior nas qualidades, nem qualitativo de defeitos e melhor piorado, pior melhorado e defeituoso em qualidades.

Não.

São seus olhos.

Ele está diferente. As porcarias que você fez pra ele o mudaram. Você não devia ter proibido de ir naquela festa. Não devia ter ficado com ciúmes. Deveria ter dado mais liberdade, conquistado ele uma vez por dia.

Mas agora é tarde.

Ele mudou? sim. Tanto quanto você. Passa em frente ao espelho todos os dias e já se acostumou consigo mesma; com seu ritmo. Já ele? você não sabe o ritmo dele. Isso te surpreende, sabe? a mudança do outro. Você o conheceu de uma forma e o amou de uma forma, mas no outro dia ele já era um novo homem. Assim como noutro dia você já era uma nova mulher, por te-lo conhecido.

As pessoas que passam em nossas vidas deixam um pouco de sí, levam um pouco de nós.(Antoine de Saint Exúpery)

Você muda! Então cale a boca, seque essas lágrimas que te segam e olhe ao espelho. Vê? É diferente! Já não tem sete anos e não são lágrimas inocentes. São lágrimas de uma idiota. Uma idiota que não percebe como o mundo muda e ela tenta, em vão, faze-lo parar. Rá!

Parar o mundo é faze-lo acabar. As coisas paradas não existem. Dormir não é viver.

Faça alguma coisa. Mude!

É uma ordem estúpida, eu sei. Você mudará sem saber mesmo querendo não mudar. A mudança é inevitável. Você não pode impedir os rios de correrem pro mar. Nem impedir que os fortes abusem dos bons. Há coisas que não remontam a ética, nem a realidade, mas remontam nossa genética e nossas origens: Você é uma idiota de chorar por ele por amor. E a culpa não é realmente sua, por ser idiota.

Não que isso te faça menos idiota.

Então perceba que tudo aqui é pelos seus olhos. Que é tudo a visão que você tem das coisas.
Ele não tem nada haver com você. É só uma pessoa que por acaso decidiu compartilhar a própria felicidade com a sua por um periodo da própria vida.

Para sempre não existe.

Então entenda que ele não é seu, por mais que haja alianças e responsabilidades e envolvimento. Ele só é seu de coração e olhos, por alguns momentos. Perceba como ele seca as garotas lindas e jovens que passam por ele na rua. Perceba como, nesse momento, ele não é seu.

Arda de ciúmes. Arda de raiva. Arda de paixão.

Incendeie! Destrua! Lute!

E perceba como você é fraca. Como é pequena e como não fará diferença o que fizer. Você ainda o ama? Bom, então você não quer prende-lo. Você quer que ele seja feliz, e se ama-lo de verdade, vai querer a felicidade dele, com ou sem você.

Pronto, agora estamos crescendo. Não sendo mais idiotas. Imputando um pouco de valores na sua cabecinha.

Quem ama deixa ir. Aqueles que prendem são cruéis e causam dor.

Viva os momentos de felicidade. Sorria, goze, brinque e se divirta. Mas quando as asas batem o coração se entristesse, chora lágrimas de saudade. Não ciúmes. Saudade.

Sabe qual a diferença?

As lágrimas de ciúmes deixam rancor, mágoa e ódio.
As de saudade não. Com elas, você sorrirá no final, e vai perceber como tudo foi bom e melhor.

Pense nisso.