Abismo

Por Antonio Fernandes

 O abismo
Negro
Vermelho das veias
Que cortam meus pulsos
O mar de viúvas
De forasteiros
A Umbra dos infiéis
Me clama
Da posta de retirar-se
A batalha de viver
A percepção de não ser nada
Para ninguém
A ausência de sentido
Sentido nu
Cru desnutrido
Frio
Muito frio
Frio que gela esta pedra
Que carrego ao peito
Desalinhado de parâmetros
Desajustado como pessoa
Perdendo todos
Perdendo tudo
Sobrando nada de nós
Nenhum recôndito covil
De estrume e pragas
Rasgado e desolado
Tao sozinho que dói
Morrer é o colirio
Do viver
Deitar-se e apagar
Pra nao mais ser
Ser restos comidos da terra
Como os restos dos outros
Perdi meu ser
Perdi minhas razões
Desnutrido recôndito putrito
O poeta pálido que perde
A regalia do amor
Rasguei meu coração em dois
Partido
Ele esta ferido
E a ferida é exposta
E vou sangrar gemer
Gritar berrar
Chorar rios em lágrimas
Porque nada pode ser fácil
Porque tudo no viver
Precisa levar-nos
A estrada do morrer
Porque tanto de nada
Não há mais riso
Só escuridão




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