O Amor e a Guerra 1

Primeira parte
A canoa no rio

A lua brilhava alta na abobada estrelada do céu de primavera, as constelações, vividas no céu límpido e negro exibiam toda sua magnificência esplendida no topo do universo, a noite era clara, pois a lua cheia brilhava luminosa e intensa naquele céu primaveril.
A cidade estava calma, ruelas que outrora tiveram o movimento de carruagens dos mais variados tipos e sabores, agora jaziam calmas e pacificas. Alguém espirrou num canto, um cachorro latiu em algum lugar, e o silencio voltou a reinar como se nunca antes tivesse ido embora...
A grande cidade esplendida, já era a muito considerada o lar do romance e do amor, um centro da moda, que atingia seu ápice naquele ano de 1798, onde Napoleão levava a Europa num conflito sem fim, porem ali, estava calmo...
Nesse instante veio dobrando, num rio de Veneza, um pequeno barquinho. De bico arredondado, formato chato, como uma canoa, ele vinha escorregando por aquelas águas tão límpidas. Atrás, num pequeno poste, um lampião a óleo de baleia estava aceso, iluminando desfocadamente o ambiente. O barco, era quase tão silencioso quanto a noite, não fosse pelo som do remo do barqueiro tocando a água, e fazendo movimentar-se.
O barqueiro, era um homem alto, de metro e oitenta, trajado com uma roupa tradicional italiana, chapel de palha longo e arredondado, suas roupas eram largas e pouco ostentosas.
Levava aquele barqueiro, dois pombos enamorados naquela romântica embarcação iluminada pelo luar e pelo lampião, estavam eles deitados olhando as estrelas, imersos um no outro, num romance sem fim...
A mulher, pequena e frágil, de cabelos castanhos, que naquele momento jaziam soltos e desgrenhados, tinha metro e sessenta, trajava um vestido tradicional francês, os saltos altos, tão odiados, jogados num canto estavam esquecidos, os olhos dela, de um castanho profundo, cor de mel, fitavam o jovem ao seu lado...
E aqueles olhos, olhos de um negro acastanhado, que naquela noite tão clara, pareciam como que duas ônix reluzentes a luz do luar, fitavam de volta a bela donzela. O garoto, que a pouco alcançara seus 17 verões, tinha cabelos cortados rente ao crânio, ao estilo militar, vestia uma jaqueta verde, das cores de sua pátria, calças de couro surradas de pó, e um par de botas que usava em seu oficio de matar, a carabina jazia encostada ao seu lado, armada e a postos, porem esquecida, trocada pelos olhos de tão bela senhorita que se encontrava a sua frente...
O corpo dos dois, naquele luar de maravilha extrema, parecia como que um só, abraçados iam eles felizes, descendo um rio, numa beleza sem fim....
O garoto passou as mãos pela cintura da moça, fitou-a fundo nos olhos, a ponto de poder sentir sua alma colada a sua tanto quanto seu corpo. esboçou um sorriso, tanto quanto romântico, do qual a nobre senhorita correspondeu-lhe.
A garota levou sua mão ao rosto do rapaz e o acariciou, passou a mão em seus cabelos, tão curtos, arrancados pela amargura da guerra. Foi levemente se esgueirando até a nuca de seu amado, e fraternalmente puxou o cabeça dele junto a sua, colando seus lábios em sublime estado de amor.
Os lábios tocaram-se sublimes, e em seguida ambos deslizaram com suas línguas pela boca um do outro, provando o gosto da alma alheia, desbravando o desconhecido caminho de amor, que proibidamente, haviam eles levado até aquele ponto.
Um tiro soou.
Em algum lugar nas margens floridas, um estalo foi ouvido pelos dois amantes, vozes raivosas discutiam algo incompreensível, porem os dois já entenderam oque ocorrera... foram descobertos...
Rapidamente ordenaram que o barqueiro os levasse a margem. Rápido e ofegante, o homem remou.
Do outro lado alguém gritou em reconhecimento, Serviçais da casa da donzela os viram, tarde de mais, ela não poderia retornar para casa...
Rapidamente o Jovem, prevendo a situação, rasgou o vestido longo da garota, tornando-o uma saia, o barco atracou na margem, e ambos fugiram...
Fugiram para o desconhecido, para a escuridão, não sabendo se o destino lhes reservava trevas, ou amor, alegria, ou tristeza, paixão, ou desilusão... porem apenas uma coisa os consolava
Tinham um ao outro, e fugiram felizes...
Consumidos pela escuridão... desapareceram... e a noite, que da calma veio.. da calma voltou...
Silencio...


Por Antonio Fernandes




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