Em meu Velório

Por Antonio Fernandes

Gostaria de deixar cravado
nesses versos que outrora serão lápide,
minhas mórbidas palavras de poeta,
cronista, escritor e traste.

Quero pra mim que toque,
De Bethooven, a nona sinfonia.
Pois ela, um velho amigo,
 à morte, reverencia. Será correto.

Violetas. Para mim às quero
Violetas são mórbidas e tristes,
mas também são belas
em seu caule em riste. Violetas.

Contratem duas dúzias de carpideiras,
pois velório que não possui lágrimas
não evidencia uma boa vivência,
E mesmo que sejam falsetas, serão lástimas.

Mas não há velório perfeito
Que não perfaça risos das lembranças,
Por isso mandem chamar o melhor piadista,
Para sobre mim traçar as piores anedotas.

Gostaria de uma banda também.
Que tocasse cânticos acompanhada do coral.
Quero bailarinos, operinos e uma marcha de cavalos,
E ao redor deles, um imenso floral. Violetas é claro.

Gostaria de deixar gravado,
Que amei todos, sem exceção.
Os que não nasceram, os que já morreram,
E os velhos companheiros, que depois de mim morrerão.

Não quero ser lembrado pelo que fiz de bom,
Não quero ser lembrado pelo que fiz de ruim,
Não quero ser lembrado pelo que fiz.
Esqueçam-me. Se morri, é um convite.

Vão viver. E sentir-se vivos. É uma ordem.

Boa noite.





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