Divinamente Errado

Por Antonio Fernandes

Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

Aparte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Quando pergunto quem sou,

serei eu...

aquele que está a perguntar?

ou o que jamais saberá a resposta?

Sou o menor dos seres

o mais insignificante

Sou a larva que se arrasta na terra

buscando pelo cheiro, o cadáver pútrido 

Sou a gota de orvalho

que se agarra a folha das árvores todas as manhãs

Sou os grãos de areia que sopram no vento

buscando ao longe a resposta para minhas perguntas

E veja as perguntas

são tantas, e tão perigosas

que no intimo do meu ser

não quero mais saber a resposta de nenhuma delas

as perguntas que me consomem

e me arrastam em dúvidas

dúvidas eternas

dúvidas de homem

Veja os loucos no hospício

tão certos de suas certezas

serão minhas dúvidas

mais corretas que as certezas deles?

Me envergonho de todos os meus erros,

mas não seria Eu, se não tivesse tentado todos eles.

Não me arrependo de ter alimentado tantos sonhos,

mesmo que não tenha conquistado nem metade deles.

eu, que sou tão pequeno

tão ínfimo, tão desprezível

tão...

insignificante....

chorei,

sonhei,

lutei,

e amei.

E nenhuma dessas coisas,

satisfez minhas ambições de humano.

-

caminhei fugindo do meu passado

onde encontrei, hoje, um fruto do presente

um passado do qual eu não deveria mais voltar

um presente, que me tenta a faze-lo amar

Ela, que é tão simples

e ao mesmo tempo, tão impressionante

que antes que eu me desse conta

já tinha em mim todo o seu controle

ela que me encara nos olhos

e me domina a alma

que me tem só para ela

e me obstem em todas as suas vontades próprias

Ela que me torna um ser insignificante

um cachorro qualquer

me faz pensar que sou apenas mais um

quando na verdade, espero eu, não sou

sem que eu me desse conta

tenho todos os sentimentos enlouquecidos

todas as vontades mais aflitas

e ela.. me tortura.

me tenta com seu abraço,

mas faz questão de me desprezar...

me tenta com seus lábios,

mas me proíbe de os tocar...

que posso eu,

 tão insignificante ser,

fazer,

 para o coração dela conquistar?

Já encontrei mulheres rodadas

de beijos fáceis, e corpo dócil

Já tive em minhas mãos

mulheres que faziam tudo por mim

todas insignificantes.

mas ela...

ela torna o beijo dela o mais caro do mundo!

ela torna os braços dela, os mais quentes e aconchegantes que existem!

Cada toque,

 cada palavra,

 cada olhar,

 cada... tentativa de beijo

que dou nela, são sempre os mais perfeitos que já dei

e mesmo assim, ela me despreza.

Me torna o mais insignificante dos seres

um vira-lata sem dono

um cachorro de coleira

que a guia, está nas mãos dela

esta prosa poética está chegando ao fim

e minhas tarefas eu hei de fazer

e esperar, enlouquecido, esperarei

o próximo dia, que ela, eu hei de ver

contarei os dias, contarei as horas

contarei cada segundo

para, talvez, encontrar ela

a garota que no meu coração

está, cada vez mais fundo...

e eu hei

de enlouquecer...

mais do que já sou louco

louco por ela.

Dedicado a menina que teima em me tentar, e me faz ser, cada vez, mais dela.

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